Música Popular Brasileira

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sábado, 3 de julho de 2010

DESPEJADOS EM JOHANNESBURG

Brava Gente Brasileira, tudo bem?

Hoje relatarei um episódio singular que nos ocorreu, e que dá dimensão de como pode ser inventivo o consórcio da cultura brasileira com a sulafricana. Foi o nosso despejo...

Primeiramente, nos alojaram num bom apartamento. Grande, confortável, com tudo que se necessita para uma vida caseira decente, como whisky, vinhos de diversas qualidades e procedências, queijo roquefort etc. A princípio, nossa amiga brasileira, que aqui mora e nos providencia tudo, inclusive o apê, disse que poderíamos usufruir do que quiséssemos nele. Que o proprietário assim havia determinado. Acredito ter sido uma cortesia, uma gentileza da parte dele. Talvez não imaginasse que cumpriríamos nossa parte com tamanha competência. Ou seja, em uma semana dilapidamos adega, freezer, todo conteúdo dos armários, tudo quanto pudéssemos mastigar ou beber. Era tudo encanto e poesia. Porém (ai, porém!), ao final de duas semanas as coisas começaram a ficar meio estranhas. Começamos a perceber que algum cambalacho permeava nossa estada.

Até que um dia, fui abordado, nos jardins do condomínio, por um senhor que se dizia o verdadeiro proprietário de nosso apartamento, querendo saber quem éramos, como ali fomos parar e até quando ficaríamos. Disse que, segundo as normas do local, não eram permitidas sublocações. Senti que a coisa estava bastante esquisita. Saí pela tangente, afirmando não estar pagando nada pelo aluguel, que éramos amigos do inquilino etc. É claro que ele não engoliu a história, bastante fraquinha mesmo, enfim...

Os dias que se sucederam foram de grande tensão para nosso suposto proprietário-na-realidade-inquilino e nossa amiga quase trambiqueira. O verdadeiro proprietário estava puto, mesmo. A cada 3 horas nossa amiga nos trazia novas explicações (cada uma mais sem sentido que a outra) para o que estava ocorrendo, e obscuras e ambíguas definições sobre nosso futuro. Demos uma de mineiro. Ficamos quietinhos, em nosso canto, esperando eles “carmá”. Depois de, em tese, nos mudarem para uns 5 locais diferentes, veio a “Solução Final”, tal e qual Hitler com seus amados judeus. Pelo que entendi, chegaram à conclusão de que, já que teríamos que sair do apartamento e ir para outro vazio, e se ao deixarmos o nosso ele mesmo se tornaria vazio, seria mais prático mudarmos para o próprio apartamento onde já estávamos. E assim foi feito. Graças ao jeitinho brasileiro-sulafricano toda a confusão se desfez, e tudo voltou a ser encanto e poesia. Até quando não sabemos...

Johannesburg, 30 de Junho de 2010.

Wilson Nunes.

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